sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Geoparque Naturtejo da Meseta Meriodional


Caros Geoleitores, 

Hoje vamos atravessar o Atlântico e voltar ao tempo com uma visita ao Geoparque Naturtejo.

Em postagens anteriores já falei sobre os conceitos de Geoparques, mas segue o link para mais informações. Geoparks

O Geoparque Naturtejo da Meseta Meridional foi o primeiro Geoparque Português a integrar a Rede Global de Geoparques e ser reconhecido pela UNESCO, em 2006. Ocupa o território de 06 concelhos (correspondem aos municípios no Brasil), sendo eles Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Proença-a-Nova, Nisa, Oleiros e Vila Velha de Rodão.  

Nossa visita ao Geoparque se deu a partir de Coimbra e fez parte de algumas excursões realizadas pelo Congresso Internacional de Geociências em 2012. Mas pelo que vimos o acesso é muito tranquilo e no site do geoparque tem vários panfletos com mapas e rotas.

Nossa visita começou com um passeio de barco no Rio Tejo (Rio mais importante da península Ibérica) de onde podemos contemplar o Monumento Natural das Portas de Rodão. Nesse lugar o Rio Tejo fez um belo trabalho, “entalhando” as rochas ao longo de milhares de anos.

Essas rochas são chamadas de Quartzito, é uma rocha metamórfica, ou seja, que sofreu uma “metamorfose” ou transformação. Sendo assim, um dia ela foi outra rocha, nesse caso, o quartzito, que é resultado da transformação de uma rocha sedimentar, o arenito. (Ver: Quartzito e Rochas Metamórficas).

O Tejo, ao longo de milhões de anos e aproveitando fraturas (rachaduras) nessas rochas escoou entre o vale e foi, dia após dias transportando os sedimentos para outros lugares, até formar a paisagem linda que vemos hoje.


Portas de Rodão

Às margens do rio ainda podemos ver os rejeitos de uma antiga mineração de ouro. Rejeito é o que sobra extração mineral, o que não tem valor comercial. Ou seja, o ouro era encontrado misturado com as areias às margens do rio e essa areia ia sendo remexida. O ouro era levado para o comércio e esse rejeito ia ficando amontoado. E assim permanece nos dias de hoje.

Rejeito da antiga mineração de ouro às margens do Rio Tejo

Outro atrativo bastante interessante nesse geossítio é a observação das aves. Até fazem uma brincadeira conosco, nos pedindo para encontrar as aves camufladas nas fendas do quartzito. Existem placas de informações e fotografias explicando a fauna local.

Observação das Aves

Em um detalhe da foto anterior, é possível ver a Cegonha Negra e o Grifo


Após o passeio de barco seguimos até um mirante de onde pudemos contemplar a paisagem e entender melhor os processos geológicos que atuaram no local


Mirante Castelo de Rodão - observação de aves e contemplação da paisagem
Panorâmica feita a partir do Mirante Castelo de Rodão

A Pausa para o almoço

Nossa pausa para o almoço não deixa de ser em um geodestino, ou melhor em um Georestaurante, o “Georestaurante Petiscos e Granitos” que fica na Aldeia Histórica de Monsanto - Idanha-a-Nova (Naturtejo: Onde comer).

A comida é ótima, o atendimento também, o vinho estava maravilhoso, mas, o maior atrativo mesmo é o restaurante em si. Que foi construído cravado nas rochas, mais precisamente no “Granito” aproveitando todas as suas particularidades.

"Georestaurante Petiscos e Granitos"


"Georestaurante Petiscos e Granitos"


"Georestaurante Petiscos e Granitos"


Após caminharmos um pouco pelas ruas charmosas de Monsanto, seguimos para o Parque Icnológico de Penha Garcia. A rocha que predomina dessa região também são os quartzitos, mas a atração principal são os Icnofósseis dos trilobitas.

Vale quartzítico de Penha Garcia

Antes de falar mais do lugar, é bom diferenciar fósseis de icnofósseis. Os fósseis são os restos de organismos (fauna ou flora) que por condições naturais do ambiente resistiram a milhares de anos e fossilizaram, ficando esse registro nas rochas. Já os Icnofósseis, são marcas deixadas pelos organismos, como por exemplo: pegadas, marcas de rastejo, etc.

No caso de Penha Garcia, existem inúmeros desses icnofósseis, marcas deixadas por um bichinho que há milhares habitavam os mares de várias regiões do globo. Essa região ha aproximadamente 480 milhões de anos era formada por um oceano, onde habitavam os trilobitas.

Os Trilobitas eram artrópodes, viveram durante toda era paleozoica. Desde o Cambriano até o Permiano (Aprox. entre 542 e 250 milões de anos). Elas resistiram a várias extinções em massa, mas durante o permiano, não resistiram e foram extintas

Ao se locomover esses bichinhos deixavam marcas diferentes, dependendo do ambiente em que estavam, se parcialmente enterrados no fundo oceânico, se parcialmente enterrados na lama ou se arrastando sobre a superfície do fundo oceânico. Neste caso, as marcas encontradas são chamadas de Cruziana. (Cruziana de Penha Garcia


A Joana, geóloga que nos acompanhou explicando como os trilobitas se locomoviam

Painéis informativos ao longo das trilhas


É possível ver em vários afloramentos rochosos os icnofóssies conservados


Um foto do grupo, com detalhe para a réplica de Trilobita
No próximo post sobre Portugal, falarei do Geoparque Arouca, onde são encontrados os maiores fósseis de Trilobitas do mundo. Assim, em breve falarei mais desse bichinho simpático, que infelizmente não existe mais. 

Ainda sobre a região, é importante destacar a importância histórica, onde tem-se ruínas de castelos e outras edificações do período da ordem dos cavaleiros templários.

Ruínas do Castelo de Penha Garcia.
Torre do Rei Wamba - Séc. XII. A Torre fica próximo ao mirante da foto 5 deste post.
A quem interessar saber um pouco mais sobre esta viagem e o Geoparque acessar:



segunda-feira, 27 de maio de 2013

PARQUE ESTADUAL DA PEDRA DA BOCA

Foi aqui que eu desenvolvi meu trabalho de final de curso da Graduação e em seguida o de Especialização (Ciências Ambientais), depois disso tenho escrito alguns artigos sobre a região, tentando divulgar a beleza que tem esse lugar! Vocês também podem conferir uma matéria super legal para a Folha do meio Ambiente, que ajudei a escrever com mais dois colegas de Brasília que cá estiveram em 2008. Tem até uma entrevistinha comigo, na época aluna de Graduação O Folha é dirigida pelo Jornalista e ambientalista Silvestre Gorgulho. Salve Silvestre!!!

Então, vamos a PEDRA DA BOCA...

O Parque foi criado através de um decreto estadual em fevereiro de 2000 e possui área de 157,26 hectares. A vegetação predominante nessa área é do bioma caatinga, presente em todo semiárido nordestino. É um espetáculo poder ver de perto o Mandacaru, xiquexique e as Coroas de Frade, que possuem flores pequenas e delicadas.

Mas o grande atrativo do parque são as formas de relevo. Ah!!! As formas de relevo! São grandes afloramentos de rocha granítica, que por motivos naturais foram moldados ao longo do tempo e resultaram em paisagens fantásticas.

O parque tem muitas coisas legais para fazer, como caminhar e andar de bicicleta. Para os aventureiros de plantão, nada como praticar o rapel ou escalada nos íngremes paredões rochosos. Escolas e Universidades fazem várias excursões didáticas e cientificas na área, inclusive, foi através de uma dessas excursões que tive meu primeiro contato com “A BOCA”... Ainda lembro: 4º Período, disciplina de Geomorfologia com o Professor Magno Erasto, que mais tarde viria ser meu orientador.

Minha primeira vez no parque, também teve uma passagem dramática, rs. Era muito “afoita’ e acabei entrando onde não deveria e levei uma baita picada de um marimbondo no lábio, mas foi conseqüência da minha inconseqüência, se é que dá pra entender (rs). Mas não aconteceu nada grave, só tive que passar o fim de semana ouvindo piadinhas do tipo: “Olha lá a Angelina Jolie” - “Exagerou no botox, hein?”

Pra facilitar a compreensão da paisagem vou pondo as fotos com suas respectivas legendas logo embaixo, ok? 
Nessa imagem vocês podem ver a estrada que segue até o parque e a imponente: PEDRA DA BOCA, um abrigo, que se formou a partir da queda de alguns blocos rochosos formando a grande cavidade em formato de uma grande Boca aberta. Em um dos trabalhos de campo que realizamos, eu e dois colegas subimos até a Boca e utilizamos uma extensa trena para medí-la, o resultado foi aproximadamente 87 metros de largura e 35 metros de profundidade no centro do abrigo. A altura, segundo alguns colegas escaladores é de aproximadamente 40 metros. Grande né?

 Esta é a Pedra da Santa, conhecida anteriormente por "Pedra do Letreiro", devido a ocorrência de várias pinturas rupestres. 

Pinturas Rupestres na Pedra da Santa. Tem muitas!!!
Atrás de nós está a Pedra da Caveira, se vocês olharem direitinho vão entender porque, rs.
Como falei, olha aí o pessoal praticando rapel. Gosto dessa foto! Do lado direito se vocês observarem há vários sulcos no paredão rochoso, essas formações são chamadas de "Caneluras" na literatura, e decorrem de processos intempéricos, nesse caso principalmente pela ação da água que escorre e vai desgastando as partes menos resistentes da rochas. 

Pra finalizar, lá vem eu!!! Com a coragem do mundo todo ;)

Retorno Parte II

Vamos lá,

06 anos se passaram desde a criação do CONTRASTES em 2007, quando ensaiei um post e nisso ficou, em 2010 voltei disposta a retomar o espaço e começar a publicar, mas, aquela coisa: Corre dali, corre daqui e tudo continuou na mesma.
Massss, esses dias ao ver minhas fotografias de viagens, lembrando as coisas que eu já vi e vivi nesse mundão sem porteiras, resolvi “definitivamente” Sacudir a poeira por aqui!!! Agora vai...

Ah! Minha filha também foi uma grande incentivadora. Ela tem me mostrado vários blogs super legais. Valeu, Vitória!

Meu primeiro post será em homenagem a um lugar liiindo e mágico com que tenho uma ligação muito forte.

O Parque Estadual da Pedra da Boca – Localizado no Agreste paraibano! Bora viajar???


domingo, 16 de maio de 2010

Retorno

Nossa! Alguns anos passaram e aqui estou eu, de volta ao Contrastes.
O retorno tem como objetivo unir duas grandes paixões: A fotografia e a Geografia.
Dessa forma, teremos um pouco de tudo. Fotografias comentadas, roteiros de viagens, relatos de campo, entre outros.

Por hora, é só.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Começo



Entre tantas redes sociais, eis que sinto a necessidade de retomar um espaço onde eu possa expor algumas idéias, alguns trabalhos, viagens, fotografias e textos meus e de pessoas especiais.


Emfim, convido vocês a viajarem comigo nesse espaço...

...Que inauguro com um texto que eu adoro, de um cara louco, livre e consciente chamado Edson Marques, mas que prefiro chamar carinhosamente, de Mestre.


Eu adoro ser um trapezista nesse circo escandaloso em que minha vida se transforma. Às vezes estou na corda bamba, às vezes faço papel de palhaço, às vezes rio dos outros palhaços. Tem dias que rio de mim mesmo, e tem dias que enfrento feras e metáforas. Mas vivo sempre lá em cima, trapezista da minha própria existência, bailarino da minha própria esperança. Quase sempre mando que até retirem as redes de proteção para que o risco seja maior que o riso, para que os saltos sejam mais emocionantes e mais altos, para que a aventura seja ainda mais perfeita e mais profunda. E se um dia eu voar de encontro ao chão, isso não terá nenhuma importância maior, porque também viverei a emoção da própria queda. Em nome da vertigem, toda queda tem poesia. Quem cai por amor à vida, cai sempre para cima.
(Edson Marques)

Blog do Edson: http://mude.blogspot.com.br/